Vejo você caminhar em minha direção com dois copos na mão. Noto seu quadril estreito e sorrio por dentro. Gostoso. Você chega com aquele seu olhar que desconcerta.— Oi — você diz timidamente, em contraste com seus olhos desinibidos.— Oi — sussurro de volta, mais para mim mesma do que para qualquer coisa.— Te trouxe uma bebida.Olho desconfiada.— Bacardi.Você dá aquele sorriso presunçoso e sapeca, sorriso de menino, e me entrega o copo.Te olho inquisitiva.— Como você sabia?— Sabendo.— Andou me pesquisando por aí?Você não responde.Dou um gole na bebida e ficamos em silencio olhando as estrelas.— O que você está pensando? — pergunta de repente, soando alto demais.— Coisas, — digo ausente.Você olha para o copo que repousa do meu lado e me incita a beber mais.— Está me embebedando? — pergunto divertida.— Embebedando não, é só que eu gosto de você alegre.— Por quê?— Porque eu gosto de te entender. Na maioria das vezes você só olha e não fala muito. Você é esquiva. Quando você bebe, você começa a falar, fica mais feliz. Eu gosto quando é mais aberta. Quando você se cala, eu não tenho nenhuma ideia do que você está pensando e isso me deixa nervoso.— Não gosto que saibam o que eu estou pensando.— Eu sei.Você sorri e me beija.
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