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sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Unreal

Vejo você caminhar em minha direção com dois copos na mão. Noto seu quadril estreito e sorrio por dentro. Gostoso. Você chega com aquele seu olhar que desconcerta.
— Oi — você diz timidamente, em contraste com seus olhos desinibidos.
— Oi — sussurro de volta, mais para mim mesma do que para qualquer coisa.
— Te trouxe uma bebida.
Olho desconfiada.
— Bacardi. 
Você dá aquele sorriso presunçoso e sapeca, sorriso de menino, e me entrega o copo.
Te olho inquisitiva.
— Como você sabia?
— Sabendo.
— Andou me pesquisando por aí?
Você não responde.
Dou um gole na bebida e ficamos em silencio olhando as estrelas.
— O que você está pensando? — pergunta de repente, soando alto demais.
— Coisas, — digo ausente.
Você olha para o copo que repousa do meu lado e me incita a beber mais.
— Está me embebedando? — pergunto divertida.
— Embebedando não, é só que eu gosto de você alegre.
— Por quê?
— Porque eu gosto de te entender. Na maioria das vezes você só olha e não fala muito. Você é esquiva. Quando você bebe, você começa a falar, fica mais feliz. Eu gosto quando é mais aberta. Quando você se cala, eu não tenho nenhuma ideia do que você está pensando e isso me deixa nervoso.
— Não gosto que saibam o que eu estou pensando.
— Eu sei.
Você sorri e me beija.

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