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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Storm Born

"Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite."

Until you have it all you won't be free


Corpo perfeito... eu não tenho um. Baixinha, braços e pernas grossos, barriga saliente e um queixo duplo que as vezes eu tenho vontade de tirar na faca. E isso só pra começar a listar os problemas. Bochechas grandes, um olho maior que o outro, boca e nariz tortos se destacam. E eu nem preciso falar da pele manchada do rosto, colo e costas e flácida em todo o resto. E as celulites, as estrias, as espinhas, a sobrancelha que não tem forma e não se ajeita, as mãos gorduchas. E eu tenho coisas sobrando, sobrando, sobrando em todos os cantos. Os pés são os únicos que eu não reclamo muito por que de tanto ouvir que eles são pequenos e delicados fiquei convencida - apesar de acha-los meio inchados e com dedos esquisitos.

Não é segredo pra ninguém (talvez só para alguns) que eu não gosto do meu corpo. Acho que nunca gostei. Não lembro da ultima vez de olhar no espelho e me achar linda... E a vivencia ao longo dos anos me fez chegar ao ponto de odiar minha aparência. "Gorda", "Baleia", "Por que não cuida melhor do seu corpo?" "Ele disse que ficou com você só porque tava bêbado", os meninos sempre preferindo minhas amigas são frases/coisas que me vem a cabeça olho para o aspecto estético da minha vida. Não vou ser hipócrita ao ponto de dizer que não teve momentos em que eu "me gostei mais", mas esses momentos não passaram de no máximo, bem no máximo, algumas semanas. Algumas semanas felizes e sem cobranças ou dores. Algumas semanas que eu gostaria que durassem o resto da minha vida

E por falar em dores, chego no ponto principal do post e quero compartilhar porque como está escrito nessa barra a esquerda, esse blog nada mais é que um depósito de memórias e coisas desnecessárias que eu não quero esquecer. Sábado foi um dia tenso. Achei que ia morrer mais uma vez. Na busca por um corpo bonito, acabei adotando algumas práticas que não são de dar orgulho, mas que proporcionam algum alívio momentâneo. A cena: eu caída no banheiro, passando mal pra caramba. Pressão 8x6, suando frio, vomitando loucamente tudo o que eu não tinha comido e com uma dor de barriga de matar. Só digo que não foi uma manhã de sábado muito agradável. E o pior é ter consciência de que fui eu que provoquei todo esse mal estar e não conseguir mudar. Posso afirmar que faria tudo de novo. Aliás, pretendo passar por isso tudo de novo em algumas semanas.

Eu sei que não é bom, não é saudável e não é bonito, mas como eu disse, esses episódios proporcionam aquele alívio passageiro naqueles momentos que você quer morrer. E o mais irônico - não canso de repetir sobre o quanto a vida é irônica - é que quase morri enquanto buscava alguma coisa que me tirasse a vontade de morrer. E no final chegamos ao mesmo ponto, a verdade é que eu sinto demais. E pra ser sincera, enquanto escrevia esse post tive que parar porque não consegui segurar as lágrimas. Minha vida é um mar de tristezas. E eu choro. E entre tantos outros motivos, choro por ver que mesmo eu sabendo que isso está errado, eu não consigo me aceitar. 

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Apenas observando você fazer o que disse que nunca faria

Depois de duas semanas em casa voltei a rotina normal na casa-que-não-é casa. Ou seja, uma merda. Aí estava arrumando a zona do meu quarto e comecei a pensar no quanto eu mudei nesses meses. Coisas que não estavam nem em cogitação há um tempo atrás, eu fiz. E aí fica aquela questão, estou sendo eu fiel as minhas origens? Não. Me ocorre que nossa personalidade não é uma coisa fixa, imutável. Assim como o estilo musical da nossa banda favorita muda ao longo dos albuns, podemos notar isso também na vida. Pelo menos no meu caso. Sem personalidade definida, sou fluida, mudo conforme o dia, conforme o clima, conforme a ultima noite de sono, conforme a situação. Posso ser influenciável. Isso não é lá muito bom, mas também não vejo lá como algo muito ruim.